sábado, 25 de fevereiro de 2012

A FELICIDADE DOS BANQUEIROS


Estudo diz que população pobre no mundo é 24% maior
O mundo teria 1,87 bilhão de pobres: “Muitos críticos apontaram que o Banco Mundial subestima a real linha da pobreza."(PNUD)
 Estudo revê metodologia do Banco Mundial e propõe método que eleva indicador em 266 milhões — metade da população da América Latina
 ALAN INFANTE da PrimaPagina
 Um estudo que considera o custo de vida mínimo em cada país para determinar quem é pobre aponta que 1,36 bilhão de pessoas viviam na pobreza em 2001 — o equivalente à população da China. O número é 24% superior ao calculado pelo Banco Mundial no mesmo ano (1,10 bilhão), o que representa um incremento de 266 milhões no total de pobres no mundo, o que correspondente à metade da população da América Latina e Caribe (540 milhões).
O novo método de medição de pobreza foi proposto no estudo Novas Medidas da Pobreza Global, elaborado pelo economista indiano Nanak Kakwani, diretor do Centro Internacional de Pobreza, e pela economista Hyun Son, também do centro, um braço do PNUD com sede em Brasília. O texto critica a metodologia usada pelo Banco Mundial para definir quem é pobre, por ela não levar em conta a variação das necessidades básicas da população de país para país. Nesse sentido, sugere uma fórmula alternativa, baseada em uma cesta de bens e serviços definida para cada nação.
Pelo novo método de medição da pobreza, que procura identificar prioritariamente se as pessoas conseguem se alimentar adequadamente, a proporção de pobres aumenta em todos os continentes em comparação à taxa do Banco Mundial — que calcula a proporção de pessoas com renda diária inferior a US$ 1 PPC (paridade do poder de compra, taxa que desconta as diferenças de custo de vida entre os países).
A maior diferença entre os dois indicadores está no Oriente Médio e Norte da África, onde, pelo critério do Banco Mundial, há 6,95 milhões de pobres em 2001, e, pela nova metodologia, 12,10 milhões — uma diferença de 74%.
O novo cálculo também indica que a situação da África é mais alarmante do que se estima. Enquanto o Banco Mundial calcula que, em 2001, 46,38% da população da África Subsaariana era pobre, o Centro de Pobreza aponta uma proporção de 52,27%. Em números absolutos, a mudança de metodologia representou um acréscimo de quase 40 milhões de pessoas entre os pobres da região. O quadro é semelhante ao do Sul da Ásia, onde os pobres, estimados em 439,23 milhões (31,89%) pela taxa tradicional, sobem para 566,50 milhões (41,13%) pelo novo método. Na América Latina, o indicador aumenta de 52,21 milhões (9,96%) para 60,70 milhões (11,58%).
Uma das falhas da medida usada pelo Banco Mundial, elaborada em 1985, é o fato de que ela define uma linha de pobreza que “não reflete o custo de aquisição de nenhum tipo de necessidade básica humana”, afirmam no artigo os economistas do Centro Internacional de Pobreza. “A linha do US$ 1 por dia é vista como se representasse uma linha de pobreza obtida entre os países de baixa renda. É óbvio que essa linha deve ser derivada de uma amostra de países de baixa renda. Mas a amostra de 33 países do Banco Mundial [usada para definir a linha de pobreza] possui apenas 10 países de baixa renda. E inclui muitos países ricos e industrializados como Japão, Austrália, Alemanha Ocidental, Bélgica, Canadá e Estados Unidos”, criticam.
Outro problema na linha de pobreza do Banco Mundial apontada pelo estudo se refere à atualização do US$ 1 por dia. Em 1993, o banco corrigiu o valor estipulado em 1985 para US$ 1,08. Entretanto, a taxa de inflação calculada nos Estados Unidos nesse período foi de 50% (cerca de 5,5% ao ano), o que elevaria a linha da pobreza para US$ 1,50. Muitos críticos apontaram que o Banco Mundial subestima a real linha da pobreza. [...] O banco se defendeu contra as alegações dizendo que não é possível simplesmente ajustar a inflação nos EUA”, diz o texto. Se considerada a linha de US$ 1,50 por dia, o mundo teria 1,87 bilhão de pobres, o correspondente às populações somadas de China (1,3 bilhão), Estados Unidos (292 milhões), Brasil (181 milhões) e México (104 milhões).
 A nova metodologia
 O método proposto pelos economistas do Centro Internacional de Pobreza busca, inicialmente, identificar se a pessoa tem condições de se alimentar. O acesso à nutrição adequada, segundo eles, é um bom indicador de qualidade de vida, já que reflete aspectos como saúde, moradia e educação. A partir desse conceito, eles selecionaram 19 países de baixa renda (15 da África Subsaariana e 4 da Ásia) e calcularam quanto a fatia mais pobre da população gasta, em média, para comprar o equivalente a mil calorias. Multiplicado pela quantidade mínima de calorias necessárias, esse valor corresponde à renda mínima para que as pessoas tenham condições de se alimentar adequadamente. Dessa forma, são considerados pobres aqueles com renda inferior a esse valor mínimo.
Além desse valor mínimo para a alimentação, que funciona como uma linha da fome, o estudo desenvolveu um método para estabelecer a quantidade de dinheiro necessária para adquirir os bens e serviços não-alimentares essenciais, como moradia e medicamentos. Esse valor foi determinado com base no padrão de vida das famílias que gastam com comida o valor mínimo estimado para a alimentação adequada.
 http://www.pnud.org.br- documento gerado: 24/02/2012

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