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País 10/08/2015
Brasileiro consome, em média, 7,5 litros e meio de veneno por
ano em consequência da utilização de agrotóxicos.
Segundo estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o
cidadão brasileiro consome, em média, 7,5 litros e meio de veneno por ano em
consequência da utilização de agrotóxicos. No Rio Grande do Sul, este nível é
ainda mais elevado, chegando a 8,3 litros. Na região noroeste do Estado, é
ainda pior, superando os 16 litros por ano.
O primeiro deles diz respeito à proibição do 2,4-D, que é um
agrotóxico feito a partir do ácido diclorofenoxiacético (Efeitos
sobre a Saúde; dor
de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência, entre outros), o mesmo componente do
Agente Laranja, que foi utilizado como arma química na Guerra do Vietnã e
atualmente é liberado no Brasil. “Comprovadamente é um dos venenos mais tóxicos
do mundo e, dependendo das condições do tempo, não respeita a cerca, vai
quilômetros em direção a outras plantações e à saúde humana”, disse o deputado.
O segundo defende a proibição da pulverização aérea. “Os
estudos que nos foram apresentados mostram que apenas 30% do veneno jogado de
avião alcança o seu alvo e 70% vai para onde o vento leva”, disse Pretto. “Não
achamos que é justo permitir isso em nome do lucro de meia-dúzia de
fazendeiros, não é justo propagar o câncer em nome dessa meia dúzia”,
complementou
O terceiro projeto visa obrigar a indústria a colocar no
rótulo dos produtos informações sobre os agrotóxicos que foram utilizados na
produção. “O consumidor tem direito de saber”, afirmou.
Segundo Pretto, os projetos já foram protocolados na
Assembleia e no momento tramitam na Comissão de Constituição de Justiça da
Casa. O deputado disse saber que “pagará um preço político muito caro” pela
defesa deles, mas afirmou que eles podem ser aprovados se a sociedade se
mobilizar nessa direção e pressionar a Casa e que esse é um dos objetivos da
frente parlamentar lançada nesta sexta. “As leis se movem conforme a população
se move. Nós queremos que a sociedade discuta e opine sobre isso”, afirmou.
Por sua vez, a ministra Izabella Teixeira salientou que o
Brasil tem uma lei que autoriza o uso de agrotóxicos mediante avaliações e para
determinados usos. “O Brasil tem lei que diz como funciona e nós temos que
cumprir a lei. E temos que entender quais são os caminhos tecnológicos e o
conhecimento técnico-científico para fazer com que essa lei incorpore produtos
que sejam cada vez menos impactantes tanto à saúde quanto ao meio-ambiente”,
disse a ministra.
Ela afirmou que o governo federal entende que é preciso
aumentar a produção de agricultura orgânica, aumentar a produção agro
ecológica, rever e banir o uso dos produtos mais tóxicos e realizar um processo
de reavaliação de vários produtos atualmente liberados. “Esse debate tem
que ser feito abertamente. De maneira que, se tivermos que usar agrotóxicos em
algumas culturas, utilizemos os produtos menos tóxicos e com os métodos de
manejo mais apropriados”, disse a ministra.
Lobby do agronegócio (Cuidado com mosquito da dengue)
O deputado federal Marcon lembrou que há um grande lobby na
Câmara de Deputados em defesa do agronegócio, que é contrário a qualquer
discussão sobre a redução do uso de agrotóxicos.
“Na Comissão de Agricultura, quando se fala em reforma
agrária, eles ficam vermelhos, mas não ficam brabos. Mas se a gente fala em
agrotóxicos, eles vêm pra cima”, afirmou Marcon. “Não deixam nem falar que
agrotóxico é veneno, falam em remédio de planta, porque sabem que todo mundo
entende que veneno faz mal. O Eduardo Cunha (presidente da Câmara, do PMDB) não
quer nem ver esse debate”, complementou.
Um dos palestrantes do evento, Leonardo Melgarejo,
presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan),
salientou que existem vários mitos difundidos a cerca da utilização de
agrotóxicos que precisam ser desmentidos, como alegações que os compostos
químicos respeitam limites seguros, que os habitantes das cidades não são
afetados, etc.
Impactos na saúde
Melgarejo salientou que o glifosato, um dos ingredientes
ativos de agrotóxicos mais usados no Brasil e principal componente do Roundup,
produto fabricado pela Monsanto, é extremamente tóxico e está sendo utilizado
em 18 milhões de hectares de plantação de soja do País, o que gera um grande
risco à saúde das pessoas. “Estes herbicidas provocam a multiplicação de
bactérias que não morrem com antibióticos”, disse.
Melgarejo afirmou que não existe limite seguro para a
utilização de agrotóxicos. “Uma molécula de agrotóxico pode provocar uma
alteração no organismo que venha a provocar o câncer. Sentir o cheiro de veneno
significa estar envenenado”, disse.
Virginia Dapper, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde
(CEVS) da Secretária de Saúde do RS, afirmou que um grande problema relacionado
ao acompanhamento das doenças causadas pela utilização de agrotóxico é a
subutilização.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 500
mil pessoas são contaminadas anualmente no Brasil. Contudo, segundo Dapper,
para cada caso notificado de doenças causadas pelos agrotóxicos, há outros 50
não notificados, porque os sintomas são os mesmos de outras doenças.
Dapper afirmou que a OMS reconhece que os efeitos crônicos
dos agrotóxicos são desconhecidos, porque as pesquisas na área são
insuficientes. Contudo, ela cita que estudos comprovam que estes compostos
químicos, além de provocar câncer, são responsáveis por alterações
neurocomportamentais, podendo causar déficit de atenção, Mal de Alzheimer,
autismo, depressão e outras tantas doenças.
Segundo ela, há pesquisas que demonstram que a região de
plantio do fumo, cultura que se utiliza muito de agrotóxicos, no Estado tem
taxa de suicídio maior. “Quanto maior é o uso de agrotóxicos, mais suicídios
acontecem”, disse.
Agrotóxicos contrabandeados potencializam o problema
Emerson Giacomelli, coordenador nacional da Via Campesina,
salientou que, na realidade, o consumo de agrotóxicos por habitante é muito
maior, porque os números apresentados pelo Inca dizem respeito apenas à
utilização registrada dos compostos químicos, não levando em conta a utilização
ilegal. “O veneno contrabandeado é usado massivamente nas fazendas”, disse.
A ministra Izabella Teixeira reconheceu que o contrabando de
agrotóxicos banidos é um problema grave no País.”Tem muita gente usando
agrotóxico banido, que é comercializado ilegalmente no País, que vem fruto de
contrabando de países da fronteira”, afirmou.
Ela salientou que dois outros problemas são a venda de
produtos supostamente orgânicos, mas que contêm misturas com agrotóxicos, e a
utilização em excesso de produtos liberados.
“Tem muita gente comercializando insumos para a agricultura orgânica,
que muitas vezes são insumos que estão contaminados ou misturados com elementos
tóxicos que foram banidos do País”, afirmou a ministra. “Tem gente usando
agrotóxico em excesso. Tem gente que não é instruída a usar ou às vezes é
instruída a usar erradamente. São coisas no sistema que precisam ser
aperfeiçoadas”, complementou.
A ministra afirmou que enfrentar esses problemas passa por
uma mudança na política ambiental do governo federal e que é preciso
desenvolver políticas públicas que coloquem a transmissão de informações
corretas ao agricultor como foco. “A grande discussão central aqui é a
necessidade de mudança”, disse.
Fonte: http://www.idec.org.br e http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/1724/agrotoxicos-efeitos-sobre-a-saude
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