Organizações
da sociedade civil se unem em alerta sobre as ultimas negociações da conferência
da ONU
Um importante grupo
formado por organizações brasileiras e internacionais humanitárias, de desenvolvimento,
justiça social, ambientais e de trabalhadores informou hoje que a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), que acontecerá
no próximo mês, parece destinada a agregar muito pouco aos esforços globais
para garantir um desenvolvimento sustentável.
O grupo também
alertou que muitos governos estão demandando ou permitindo o enfraquecimento
dos direitos humanos e de princípios já acordados como os de equidade, precaução
e do ‘poluidor-pagador’.
O alerta foi feito
por Development Alternatives, Greenpeace, Fórum Brasileiro das ONGs e
Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS),
Confederação Sindical Internacional (CSI), Oxfam e Vitae Civilis depois de duas
semanas de negociações entre os governos sobre o documento que deverá
ser apresentado como resultado oficial da Rio+20.
A conferência marca
o 20º aniversário da histórica Cúpula da Terra, que ocorreu em 1992 no Rio de
Janeiro, na qual foram firmados tratados internacionais para combater as
alterações climáticas e conservar a diversidade da fauna, flora e outras formas
de vida da Terra . A Rio +20 terá a responsabilidade de propor novas formas de
garantir um mundo mais seguro, justo, limpo, sustentável e próspero para todos.
Antonio Hill, da
Oxfam, afirmou que “depois de quatro meses de negociações do rascunho inicial
do documento, as negociações estão emperradas na estaca zero. Em termos de
propostas efetivas capazes de prover as mudanças que os governos acordaram há
20 anos na Cúpula da Terra, nada, ou muito pouco foi feito até o momento”.
Daniel Mittler, do
Greenpeace, disse que “a cúpula da Terra de 1992 foi um marco histórico que juntou
o esforço pelo desenvolvimento e pelo meio ambiente. O desafio lançado na época
– de proporcionar prosperidade para todos, sem exceder os limites ecológicos -
é ainda mais urgente hoje em dia. Agora é o momento de acabar com o
desmatamento, proteger nossos mares e oceanos e fazer a revolução energética –
esse é o futuro que vale a pena escolher".
O grupo afirmou que
as atuais crises financeiras, a crescente desigualdade, o sistema falidas de
alimentação mudanças climático global e o esgotamento dos recursos naturais
requerem uma nova abordagem para o desenvolvimento econômico, mas o texto que
vem sendo negociado é apenas mais do mesmo. Juntamente com os trabalhadores,
cidadãos, produtores e consumidores ao redor do mundo, essas organizações estão
trabalhando para promover bem-estar, igualdade econômica e prosperidade capazes
de restaurar o ambiente natural do qual todos nós dependemos.
“Cidadãos de todo o
mundo clamam por um futuro melhor. Milhões de pessoas estão exigindo seus
direitos e esperando soluções mais verdes e justas para eliminar a pobreza e o
sofrimento atual. A mensagem é clara: é hora de mudar o rumo e colocar o futuro
das pessoas e do planeta em primeiro lugar”, disse Alison Tate, da CIS. Para
indicar formas de avaliar o que os governos conseguirão na Rio +20, as
organizações elaboraram uma agenda com 10 pontos para a transformação global,
tão urgente e necessária para garantir o desenvolvimento sustentável. Conjuntamente
apelam aos governos para:
1. Chegar a um acordo
em relação a um ambicioso conjunto de metas globais para o desenvolvimento
sustentável que elimine a pobreza, reduza a desigualdade e promova a justiça e
direitos humanos, sempre respeitando os limites finitos dos recursos naturais
da Terra.
2. Prover recursos
novos e adicionais para o desenvolvimento sustentável, incluindo fontes inovadoras
de financiamento público tais como taxas sobre transações financeiras para combater
a pobreza e as mudanças climáticas, que devem ser somados a compromissos com amplas
reformas orçamentárias, incluindo o redirecionamento de dinheiro de subsídios prejudiciais
ao meio ambiente e à sociedade para outras atividades como pesca sustentável, acesso
a energia sustentável e agricultura familiar.
3. Decretar reformas
do sistema de governança global para garantir instituições fortes, com poder
real de implantar regras e compromissos internacionais relacionados ao meio
ambiente e ao desenvolvimento, e iniciar negociações sobre um tratado global
para garantir o direito de acesso público à informação, justiça e maior
participação da população, a fim de reforçar a transparência, prestação de
contas, responsabilização e monitoramento do desempenho em relação a questões
ambientais e do desenvolvimento para cidadãos nos níveis nacional, regional e
global.
4. Gerar compromissos
em relação ao investimento de uma parte do PIB em empregos verdes e decentes e
meios de vida sustentáveis, garantindo igualdade social, equidade de gênero,
direitos trabalhistas, democracia e uma transição justa da economia atual para
um novo modelo econômico.
5. Estabelecer um
piso de proteção social global para garantir direitos humanos e apoiar padrões
de vida decentes em todo mundo, incluindo a alocação de recursos para
estabelecer um nível adequado de proteção social nos países menos
desenvolvidos.
6. Chegar a um acordo
em relação a um plano que estimule padrões de consumo e produção mais sustentáveis,
incluindo maiores investimentos em pequenos e médios negócios, cooperativas de
produtores e setores informais, bem como novas políticas para compras públicas
e incentivos para produtos e serviços mais sustentáveis e justos.
7. Fortalecer a
demanda pelo fornecimento de informações pelas empresas, sobre os impactos
sociais e ambientais de suas atividades, em escala global e em todo seu
alcance, acordando quanto a uma referência mundial de regras para a produção de
relatórios, consistente com os Princípios do Rio e a Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
8. Lançar uma grande
mudança visando uma alimentação adequada, nutritiva e saudável para todos,
incluindo políticas e investimentos para apoiar pequenos agricultores, mulheres
produtoras e garantir acesso a (e proteção para) água, terra, solos,
biodiversidade e outros recursos dos quais depende nossa segurança alimentar.
9. Agir de forma
decisiva para recuperar oceanos saudáveis, produtivos e sustentáveis – lançar
um novo acordo de proteção à vida marinha em alto-mar, sob a Convenção da ONU
sobre o Direito do Mar, tomando medidas para reverter a exploração excessiva
dos recursos marinhos, permitindo meios de vida sustentáveis com base nos
mesmos, e garantindo vida marinha abundante para o futuro.
10. Prover soluções energéticas
justas e duradouras, colocando em primeiro lugar as populações mais pobres e
ajudando a diminuir emissão de gases de efeito estufa, incluindo novas formas
de apoio técnico e financeiro para países em desenvolvimento, que se concentrem
em fornecer toda gama de serviços de energia necessários para ajudar a tirar as
pessoas da pobreza.
Rubens Born, do Fórum
Brasileiro das ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento
(FBOMS), afirmou que “ninguém quer outra conferência de líderes tratando as
negociações da forma como sempre. Queremos dizer aos presidentes e primeiros
ministros das nações responsáveis por mudar o rumo: ‘Vocês podem gerar o
desenvolvimento sustentável hoje ou enfrentar a raiva e o desapontamento de
milhões de cidadãos das gerações atuais e futuras. ’”
Ashok Khosla,
presidente do conselho da Development Alternatives, afirmou que “com tantas
crises ameaçando os sistemas que sustentam a vida e a civilização, chegou o
momento dos negociadores irem além de suas palavras banais e ideologias
ultrapassadas, e, como nações, se comprometerem urgentemente com as ações
necessárias para a erradicação da pobreza e a regeneração do meio ambiente”.
Onde está o programa Agenda 21?
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